sexta-feira, 2 de abril de 2010


Dizes que me amas de uma tal forma,
que não consigo deixar de corar;
que me amas de um modo primitivo,
sem razão aparente e sem desculpas
e que me amas porque me desejas,
porque sabes que eu também te amo
e como o monstro deste amor nos devora
a alma, a paciência e as maneiras.
É uma pena que todas estas coisas
morram em nós afogadas de silêncio.
,
Amalia Bautista

...diz-me qual a ponte
que separa a tua vida da minha,
em que hora negra, em que cidade chuvosa,
em que mundo sem luz está essa ponte
e eu a cruzarei...
.
Amalia Bautista

A vida se refaz e reluz
a cada sorriso e manhã
a cada captura e vôo
a cada libertação
dos olhares, das linhas, da cor
se desfaz e russurge, vivaz
a cada reinvenção
dos matizes, sons e sentidos
a vida renasce e seduz...


Ana Luisa Kaminski

Tu, gigante crucificado, que compreendes os sonhos da eternidade,
tu és, sobre tua cruz manchada de sangue, mais majestoso e
mais soberbo que mil reis com mil tronos e mil reinos.


Tu és, na tua melancolia, mais alegre que a primavera com suas flores.


Tu és, nas tuas dores, mais sereno que os anjos em seu paraíso.


Tu és na mão dos carrascos, mais livre que a luz do sol.


A coroa de espinhos em tua cabeça mais formosa e mais augusta que a coroa de Buhram
e o prego na palma de tua mão é mais imponente que o cetro de Muchtary.


E as gotas de sangue que correm em teus pés
são mais brilhantes que as jóias de Astarté.


Perdoa, pois, a esses fracos que se lamentam sobre ti,
em vez de se lamentarem sobre si mesmos.


Perdoa-lhes porque não sabem que venceste a morte pela morte,
e deste vida aos que estão nos túmulos.


Khalil Gibran
in Livro Parábolas