Tu, gigante crucificado, que compreendes os sonhos da eternidade,
tu és, sobre tua cruz manchada de sangue, mais majestoso e
mais soberbo que mil reis com mil tronos e mil reinos.
Tu és, na tua melancolia, mais alegre que a primavera com suas flores.
Tu és, nas tuas dores, mais sereno que os anjos em seu paraíso.
Tu és na mão dos carrascos, mais livre que a luz do sol.
A coroa de espinhos em tua cabeça mais formosa e mais augusta que a coroa de Buhram
e o prego na palma de tua mão é mais imponente que o cetro de Muchtary.
E as gotas de sangue que correm em teus pés
são mais brilhantes que as jóias de Astarté.
Perdoa, pois, a esses fracos que se lamentam sobre ti,
em vez de se lamentarem sobre si mesmos.
Perdoa-lhes porque não sabem que venceste a morte pela morte,
e deste vida aos que estão nos túmulos.
Khalil Gibran
in Livro Parábolas
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